Política

Uma das pastas mais estratégicas da Esplanada, o comando do Ministério de Minas e Energia (MME) no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é alvo de uma forte disputa política nos bastidores. As movimentações são puxadas por dois rivais de Alagoas, o núcleo liderado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Do lado de Calheiros, que apoiou a campanha de Lula, está a defesa do nome de Renan Filho, que é ex-governador de Alagoas e também tem a simpatia do petista. A movimentação do MDB inclui ainda a tentativa de acomodar Jorge Bastos, que é apadrinhado de Renan Calheiros e já dirigiu a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Do lado de Arthur Lira, a tentativa é emplacar o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder do partido na Câmara e relator da PEC da Transição na Casa. A proposta já foi aprovada no Senado e permite pelo menos R$ 168 bilhões de gastos extras para acomodar as promessas de Lula.

Nascimento é, dentro do Congresso, um dos principais defensores de projetos como o Brasduto, que prevê a instalação de uma rede bilionária de gasodutos em todo o País com uso de dinheiro público. Esse projeto é duramente criticado por todo o grupo técnico de transição de Lula.

O nome do deputado Jean Paul Prates (PT-RN) chegou a ser considerado para assumir o MME, mas hoje a sua posição está praticamente consolidada para a presidência da Petrobras.

A Pasta de Minas e Energia tem sido, ao longo dos anos, comandada por políticos do MDB, mas o jogo está em aberto neste momento. O grupo técnico do setor teve forte atuação, nos últimos 30 dias, de nomes fortes durante as gestões petistas, como Maurício Tolmasquim, que já presidiu a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Nelson Hubner, que foi diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Entre ambos, o entendimento é de que o governo Bolsonaro desestruturou a área de Minas e Energia, gerando uma fatura estimada em R$ 500 bilhões a serem arcados pelo consumidor de energia elétrica nos próximos anos, devido a medidas tomadas durante a atual gestão, chanceladas pelo Congresso Nacional.

André Borges – Estadão

Veja mais